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O que faz o seu coração vibrar?

Queridos leitores, seguidores e amigos:

Cá estamos nós de novo. Eu, vocês e a tela. E duas expectativas:

O leitor, à espera de algum texto que lhe traga reflexão, aprendizado, algum conteúdo novo ou, simplesmente, boas risadas.

Do outro lado, alguém com uma tela de computador aberta, com uma página em branco, aguardando a inspiração para fazer algum texto que traga reflexão, aprendizado, conteúdo novo ou boas risadas. ( risos )

No mundo de hoje, certo é que a maioria prefere se comunicar via mensagens curtas, símbolos e imagens. Pouco se lê. Pouco se escreve. E aquele, que pouco escreve, deve escrever pouco. Um dos paradoxos nossos de cada dia.

Pois bem. Hoje é a minha vez de me comunicar com vocês e diante da tela em branco que parecia me encarar de forma dura e a inspiração que cismava em não aparecer resolvi fazer uma pergunta para mim mesma:

“Larissa, o que é mediação para você?“

Alguns minutos depois de um silencio eloquente, resolvo responder para mim mesma.

“Para mim, ultimamente, mediação tem sido sinônimo de LIBERDADE.”

Essa mesma liberdade me fez refletir e concluir que eu, simplesmente, poderia escrever um post sobre qualquer coisa que tivesse alguma ligação com o objetivo desse lindo blog coletivo.

Pensei então: Por que não escrever sobre o que vivi nos dois últimos dias ?


Simples assim.


A tal inspiração que tanto busquei surgiu quando ouvi meu coração dizer:

"Siga adiante e fale (escreva) sobre o que te faz feliz".

Dito isto, com a liberdade necessária e com o coração repleto de bons sentimentos, usarei esse espaço para compartilhar com vocês a rica experiência dos últimos dois dias.

Tudo começou com um convite para que eu viajasse do Rio de Janeiro até São Luís, no Maranhão, para ministrar curso de “sensibilização em mediação de conflitos” para os integrantes da Defensoria Pública do Maranhão.


Foram dois dias inteiros de muita troca, acolhimento, risadas e reflexões.

Foi bonito ver que juntos conseguimos co-criar e co-construir um espaço coletivo e confortável de fala e, sobretudo, de escuta.


Sobrevoamos juntos um voo revisitando o que já nos era conhecido (e que sempre pode ser redescoberto) e também sobre o desconhecido.

A mediação costuma me proporcionar estar nesses espaços, me transporta e me convida a estar neste outro lugar onde não existem julgamentos, não se fala de certo, de errado, culpa, pressão... o convite é sempre para sair da zona de conforto e estar disponível para uma desconstrução.

Um novo olhar sobre “aquela velha opinião formada sobre tudo “.


E foi nesse contexto que fiz o convite aos meus caros amigos maranhenses (Defensores Públicos, Assessores Jurídicos, Estagiários, Psicólogos e Assistentes Sociais) para que, nesses dois dias juntos comigo, pudessem (re)visitar e sobrevoar esses espaços.

Era perceptível que a cada vídeo, a cada slide, a cada dinâmica, a cada reflexão trazida os olhares já eram outros, as sensações se transformavam e a ideia de que a mediação era muito mais do que um mero procedimento começava a ganhar corpo e forma .

A mediação , para mim, é uma escolha vulnerável .

É um verdadeiro modo de viver, de se enxergar no mundo e de enxergar o outro.

E o que faz meu coração vibrar é justamente poder falar sobre isso para as pessoas , seja na sala de aula, na sala de jantar, na mesa do bar, do restaurante, numa palestra, na corrida de taxi, basta que haja ao menos um ouvinte interessado.

A proposta da "mediação emancipatória e responsável“ que me foi apresentada pessoalmente pelo mestre Juan Carlos Vezzulla e pelo querido professor e mediador português Pedro Martins num curso realizado no Brasil pelo IMAP (Instituto de Mediação e Arbitragem de Portugal) fez com que eu enxergasse com mais clareza ainda a importância de se perceber a mediação como verdadeira teoria social .

E foi nesse espírito que me propus a vir ao Maranhão.

E assim dentro daquele auditório, pude falar do que faz meu coração vibrar.

Contei casos e "causos".

Por certo, também apresentei diretrizes normativas, aportes teóricos e falei sobre as diferentes escolas de mediação .

Busquei demostrar a importância do diálogo, da difícil arte de se comunicar, de se escutar, de emancipar e de se “auto emancipar”.


Conversamos aberta e profundamente sobre o que andamos fazendo para transformar a realidade da qual nos queixamos cotidianamente.

Falamos francamente sobre qual a nossa responsabilidade diante do caos e dos sistemas que nos incomodam e nos aprisionam.


Dividi com eles a sensação que tenho a cada mediação realizada, sejam elas bem sucedidas ou não, os aprendizados diários com os mediandos e suas vivências, do bem estar que sinto quando percebo a transformação que se opera entre pessoas em conflito depois de uma sessão de mediação.


Compartilhei também (como não poderia deixar de fazer) as dificuldades encontradas no meio do caminho, quando a gente se propõe a estar nesse lugar, de não saber, não controlar, não apresentar soluções e não julgar.


No encerramento do curso notei olhos marejados, recebi abraços apertados, ouvi depoimentos emocionados . Verdadeiramente senti que, de alguma forma, a sementinha fora plantada. Percebi, em cada um, o impacto que a minha presença tinha causado: “ensinei “ a conexão necessária entre mediadores e mediandos me conectando com eles.


Aos meus queridos amigos maranhenses e a todos vocês queridos leitores que, paciente e generosamente, chegaram até aqui agradeço a acolhida.


Mas preciso dizer que encerro esse texto com a sensação de que não escrevi sobre nada e, ao mesmo tempo, escrevi sobre tudo.

Quantas vezes saímos de uma sessão de mediação com a sensação de que nada fizemos e que um milagre se operou entre aquelas pessoas?

O que fazemos com a nossa alma jamais será pequeno .

*Foto tirada na frente do prédio da Defensoria Pública do Maranhão que está localizada no Centro Histórico de São Luis.

**Falta muita gente na foto, mas sintam- se representados.

***Tenham a certeza que fizeram meu coração vibrar.

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